quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sobre mídias de acesso às informações na Internet: uma discussão a partir das teorias de Santaella, Lévy, Lemos, Recuero e Moraes

Ver também: Livro Mídias Sociais: perspectivas, tendências e reflexões
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Por Ana Wanessa Bastos


No presente tópico, Abordaremos questões relacionadas as mídias de acesso às informações na Internet. A partir de teorias de estudiosos das áreas correlatas de comunicação e informação, mais precisamente a investigadores da cibercultura, como Santaella, Lévy, McLuhan, Lemos, Recuero e Moraes, para melhor representar os termos mídias e mídias sociais na Internet.
Para falarmos sobre as mídias de acesso às informações, é fundamental entendermos sobre comunicação e informação. Para Maffesoli (2003) comunicação é a cola do mundo pós-moderno. A comunicação, antes de tudo, remete ao estar-junto; à informação, ao utilitário. Ainda citando Maffesoli (2003) este retrata a composição do termo informação:
Informar significa ser formado por. Trata-se da forma que forma, a forma formante. Quer dizer que numa era da informação, talvez a de hoje, não se pensa por si mesmo, mas se é pensado, formado, inserido numa comunidade de destino. Vale repetir: a forma é formante. A informação também liga, une, junta.     
            No artigo, O campo híbrido da informação e da comunicação. Paiva (2002) retrata o campo interdisciplinar formado pelas Ciências da Informação(CI) e da Comunicação. O autor apresenta este campo como “híbrido”, voltado para o conhecimento dos processos midiáticos e das práticas informacionais e comunicacionais. Nesse sentido, o termo “midiático” é definido como uma expressão dos processos físicos e imateriais geradores de informações por meio de diferentes mídias
A partir dos breves conceitos apresentados dos termos informação e comunicação e tendo um entendimento da relação de aproximação das fronteiras duas áreas do conhecimento, a CI e a Comunicação, as quais segundo Paiva (2002) há algum tempo têm partilhado dúvidas e questionamentos focados nas questões específicas da mídia, em suas conexões com os temas da cultura e sociedade.
Mas afinal, Mídias de acesso a quê? acesso às informações. informações para quê? para o bem estar, para negócios, para conhecimento etc. informações para quem? para pessoas, consumidores, empresas, clientes etc.
Aquela mesma explosão informacional do século XX, década de 40/50 ainda permanece, porém permanece de forma flutuante, líquida no espaço e no tempo. No caos informacional diziam que “informação é poder”. Hoje com o boom informacional podemos dizer “poder é compartilhamento”. “Você é o que você compartilha.” (anônimo). Conforme SANTAELLA, 2007, p.28:
[…] Nas comunidades virtuais, nos fóruns de discussão e nos registros, a força simbólica do mediterrâneo emerge como experiência vivida, cotidiana, simultaneamente única, coletiva e universal. No passado o mercador atuava como pesquisador nômade e promovia intercâmbios ao trazer de suas viagens elementos de culturas distantes. Na infoera, o antigo mercador volta repaginado em programas de buscas, agentes inteligentes, blogs e bloglines.
O mundo físico de hoje é o mundo de fluxo informacional. Navegar pelas redes informacionais é se aventurar por territórios estrangeiros, travar contatos em busca de conhecimento e engendrar subjetividade. É instigante refletir sobre a Internet e pensar na relação do espaço/tempo e a nós como sujeitos mediatizados.
Mas, o que é o espaço? Temos que reaprender a pensar o espaço. Espaço de extensão tridimensional, sem fronteiras e lugar-não-lugar. Mas, e o tempo? Visto que “o passado é o tempo que já passou; o presente é o tempo em que vivemos e... passounão existe mais; o futuro, como está por vir, ainda não existe.” (anônimo)
Conforme Lemos (2005) o que está em jogo são modificações espaço-temporais profundas que alteram, remodelam e inovam a dinâmica social. Trata-se da “modernidade líquida” do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. E nesse contexto, temos o espaço como o espaço líquido da mobilidade de Santaella (2007).
Refletindo sobre a liquidez e a mobilidade na atual modernidade desenraizadora Santaella (2007, p.15 apud Bauman) afirma que [...] agora todas as coisas – empregos, relacionamentos, afetos, o amor, know-hows etc. tendem a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis.
Para tanto, Moraes (2000) relata que no ponto nodal da simbiose  real-virtual, a Internet situa-se na base de criação de uma fronteira a um só tempo física e abstrata. Para o autor, ela é física e tangível, porque sua infra-estrutura operacional é feita de interfaces gráficas, de modems e de discos rígidos. Abstrata e intangível, pois os conteúdos remetem à ordem da representação, da cognição e da emoção.
As novas Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) da cidade-ciborgue de Lemos (2005) estão voltadas para uma nova inter-relação espacial. Estas criam novas formas de organização do espaço e do tempo.
A possibilidade de gerar, organizar e compartilhar conteúdo na cidade-ciborgue de Lemos (2005), nos perpassa uma sensação de liberdade. Para Lévy (2001), essa tal liberdade é angustiante, mas é imprescindível aprender a conviver com ela. Em sua obra Cibercultura, ele fala sobre o dilúvio de informações que nos assolam e que somos tentados a dizer: - vamos salvar o essencial.
Em uma entrevista concedida ao programa Memória Roda Viva da FAPESP, em 2001. Lévy fala sobre cibercultura e inteligência coletiva. Fala sobre a necessidade de cada um, cada individuo, cada grupo fazer por conta própria uma filtragem, uma organização, uma seleção, uma hierarquização dos conteúdos, ou seja, das informações a serem consumidas na grande rede planetária. O filósofo francês afirma que isso é absolutamente necessário diante da totalidade da informação bruta disponibilizada na Internet.
Todavia, Lévy (2001) alerta que devemos ter consciência de nossa responsabilidade à fabricação de sentido (cognição). E que, segundo ele não cabe mais a mídia (tradicional) dizer qual o significado das coisas. E sim, cabe a nós assumir a responsabilidade de fazer uma escolha e dizer “é isso que nos interessa” e/ou “é o rumo que queremos tomar”.
Nesse contexto, Moraes (2000) em seu artigo A ética comunicacional na Internet trabalha a inteligência coletiva nas infomídias interativas e afirma que o fluxo interativo na grande rede favorece a emergência de uma ética por interações. Recuero (2009) dialoga com Moraes (2000) quando fala que um elemento característico das redes sociais na Internet é sua capacidade de difundir informações das conexões existentes entre os atores. Nesse sentido, a autora afirma que essa capacidade alterou de forma significativa os fluxos de informação dentro da própria rede.
Ainda citando Moraes (2000), este afirma que:

[…] a Internet oferece-se à contemplação como um gigantesco mosaico, no qual quem decide o que deve ser destacado e aproveitado no emaranhado de nós é o agente humano, por afinidades e conveniências.
Com isso, Reforça-se a evidência de que os estatutos éticos das comunidades virtuais se constroem no interior de seus cosmos produtivos. Moraes (2000) dialoga com Lévy (2009) quando afirma que cabe à capacidade cognitiva dos indivíduos determinar como se vão rearticular as conexões globais. 
Referências
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