segunda-feira, 16 de março de 2015

Em tempo de Leitura

A ideia de reservar um dia da mulher surgiu desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, em meio às lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. Adotado pela ONU, em 1977, para lembrar as conquistas políticas, econômicas e sociais do universo feminino, o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, atualmente, tem  resistência dos que criticam a abordagem comercial da data e dizem que dia da mulher é todo dia, mas também tem a rendição dos que gostam de comemorar.

Nesse mês, em homenagem às mulheres, convidamos à leitura de dois clássicos da literatura francesa “A Mulher de Trinta Anos”, de 1832, e “Madame Bovary”, de 1837, ambos pertencentes ao Realismo, movimento artístico e literário surgido nas últimas décadas do século XIX, na Europa, mais especificamente, na França, em reação ao Romantismo. Essas duas obras-primas pertencentes aos respectivos escritores franceses: Honoré de Balzac (1799- 1850), considerado o fundador do Realismo na literatura moderna, e Gustave Flaubert (1821-1880), o grande nome do Realismo.


O livro “A Mulher de Trinta Anos” originou o termo "balzaquiana" para designar mulheres mais maduras. O referido romance é composto por seis contos, que não possuem sequência cronológica dos fatos, cheios de suspense e reviravoltas tendo como personagem principal Júlia d`Àiglemont, que é ao mesmo tempo protagonista e antagonista, e seus conflitos pessoais.

Neste livro, Balzac penetra de maneira ampla e generosa na alma feminina, foi um precursor do feminismo, ao mostrar Júlia, uma mulher que casa, não é feliz, mas não tem coragem de trair o marido, no entanto, ao chegar aos trinta anos... O autor vislumbra conquistas femininas em um futuro próximo, conquistas que atualmente já foram alcançadas pelas mulheres.

“Madame Bovary” é uma daquelas histórias que não queremos largar até chegar ao fim. A obra publicada, a priori em formato de folhetim, causou grande comoção na França. Polêmica, levou o escritor e seu editor ao tribunal. O começo do livro narra a história de Charles Bovary,mas é a partir do seu segundo casamento que a obra começa seu verdadeiro enfoque: a história de Emma Bovary.

Flaubert, ao contar a história de Madame Bovary, uma mulher frustrada com a realidade matrimonial, pela  falta de romantismo de Charles, tornou-se uma adúltera desiludida, mostra, através dessa personagem polêmica, a imagem da mulher insatisfeita do século XIX  que continua com esse mesmo espírito no século XXI.

Balzac e Flaubert, nas obras citadas acima, denunciam a mediocridade da vida burguesa, bem como instigam e provocam a sociedade da França do século XIX, ao retratarem a vida de duas mulheres, que ultrapassam o viés dos problemas sociais, e o que elas enfrentam na época, mostrando o outro lado, que nem sempre fica claro. A primeira, Júlia d`Àiglemont, que pode fazer suas escolhas, escolhe mal e, e, através dos seus erros, culpa o mundo. A segunda, Emma Bovary ,” possui desejos que a burguesia francesa não imaginava que  mulheres podiam ter.

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