ALAIN DE BOTTON (e Wim Wenders) – A esquecida função da arte: seguimos na investigação sobre o espírito modernista. Agora, o filósofo suíço Alain de Botton argumenta que a arte tem esquecido uma função fundamental: fazer com que nos sintamos em casa nos locais mais inóspitos. A função de reumanizar o inumano.
Trabalho, trânsito, aeroportos. Espaços onde a vida acontece e que não estão sendo "pintados" pela arte. A literatura contempla alguns temas clássicos como morte, amor, etc, que se instituíram como únicas possibilidades, mas a vida não é feita apenas do plano privado. Por que a arte não está abordando os locais públicos e cotidianos?
No vídeo, De Botton menciona o trabalho do diretor alemão Wim Wenders, que tem a "coragem" de mostrar realidades incomuns em seus filmes.
No Fronteiras do Pensamento, Wenders discutiu exatamente isso. Disse o cineasta: "Há um cinema que nos ensina a respeitar as fronteiras e a estar aberto ao que os lugares têm para nos dizer. Não é o grande cinema mundial, é o outro pelo qual você tem que procurar. Tenho que trazer a noção de identidade. A identidade é formada e definida por limites, por limitações e por escolhas. A identidade é moldada e produzida pela experiência; você não a tem do nada. A experiência só é possível onde há abertura ao outro, à vida, a Deus, à curiosidade, ao aprendizado, às fronteiras e também à liberdade.
O cinema internacional, supostamente sem fronteiras, não é baseado em qualquer experiência de vida. Ele é baseado, primeiramente, na experiência de outros filmes. Eles são feitos por pessoas que tiveram as suas aventuras mais excitantes em salas de cinema e nas telas, não na vida real, em lugares reais, em cidades, ruas, montanhas, planícies, desertos, que apenas um senso de lugar poderia explorar. Honestamente, se eu tivesse a escolha, preferiria ver 'Central do Brasil' outras 20 vezes antes de ver pela segunda vez outro 'Superman', 'Batman', 'Matrix' e 'Harry Potter'."
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Fonte: Fronteiras do Pensamento
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