segunda-feira, 15 de abril de 2013

Kindle moderniza o prazer da leitura

Diário do Nordeste - 15.04.2013

Testamos o novo modelo do famoso leitor digital da Amazon, que ganha recursos semelhantes aos tablets

Nos últimos tempos, o prazer de ler tem ganho novos contornos - ou, melhor dizendo, formatos e plataformas. Se há alguns anos o dilema - que ainda motiva debates - era sobre a leitura em papel ou em meios digitais, agora, para os que já são simpáticos ao livros eletrônicos (e-books), há uma bifurcação à frente: adotar como plataforma de leitura os populares e polivalentes tablets ou um leitor digital (e-reader) dedicado somente a este fim. Para os usuários que, com razão, pensam e pesam bem a relação custo-benefício antes de adquirir um eletrônico, a necessidade de comprar um tablet ou um e-reader gera uma grande reflexão.

Na tela sensível ao toque, o usuário configura o nível de luminosidade, para ler livros tanto em ambientes ensolarados quanto no escuro Foto: Ebenezer Fontenele

Já que em termos de capacidade e versatilidade, o tablet é imbatível - com sua tela colorida e brilhante, sensível ao toque -, a questão deve girar em torno de qual aparelho oferece mais conforto, praticidade - e prazer - na hora de curtir uma boa leitura. Nesse quesito, os e-readers já levavam vantagem pelo fato de sua tela - com a tecnologia de tinta digital (e-ink), que simula a página impressa normal - oferecer um melhor conforto visual.

Mas a novidade é que os e-readers vêm evoluindo, adquirindo funções inerentes aos tablets (como a tela sensível ao toque com recurso de iluminação) mas mantendo sua principal característica: permitir a leitura por longos períodos, sem cansar a visão e sem consumir muito da bateria (cuja carga pode durar semanas). É o caso do Kindle Paperwhite, o leitor digital da Amazon que desembarcou há poucos dias no Brasil. O Tecno testou o aparelho, que tem como destaque, em relação às suas versões anteriores, a tela sensível ao toque, com autoiluminação e a resolução superior (758 x 1024 pixels).

No meu caso, que já tinha sido usuário do Kindle 2 e, por conta de um incidente que danificou sua tela, havia passado a usar o tablet iPad 2 como plataforma de leitura de livros digitais, voltar a ter um e-reader nas mãos permitiu sentir, matando saudade, o agradável diferencial de uma tela sem brilho dedicada à leitura. Não é que o iPad não seja uma boa opção para leitura, mas o Kindle Paperwhite devolve o prazer em ler um livro, mesmo sendo digital. Prova disso foi que a leitura de um e-book que estava comigo no tablet há algum tempo simplesmente fluiu, bem mais rápida, quando passei a lê-lo no e-reader.

O Paperwhite é leve e compacto, com uma tela de seis polegadas que dá aos e-books uma aparência de livros de bolso. Seu revestimento de borracha na parte traseira torna agradável o manuseio. Uma grande diferença em relação às versões anteriores do aparelho é a ausência de botões e teclas - que foram substituídos pelos recursos na própria tela sensível ao toque.

Há apenas um pequeno botão na borda lateral inferior onde o aparelho é ligado e desligado, próximo à entrada USB pela qual a bateria do dispositivo é recarregada. Há quem possa ver essa ausência de botões como um ponto negativo, já que para alterar o nível de iluminação da tela é preciso acessar um menu "drop-down" (cujas opções "descem" e sobrepõem-se à imagem que estiver na tela) que acaba cobrindo boa parte do texto.

Um botão poderia tornar mais prática a graduação da iluminação da tela, sem tirar do usuário sua concentração no texto. Ao que parece, neste caso da economia de botões da Amazon, acabou prevalecendo a influência do conceito "menos é mais", tão defendido por Steve Jobs e que se reflete no design dos produtos da Apple.

Embora não seja tão precisa quanto a de um tablet, a tela sensível ao toque do Paperwhite dá conta do recado. Em pouco tempo, o usuário se acostuma às funções na tela. E o principal, a navegação pelas páginas de um livro, é bem fácil. Basta tocar a tela à direita para passar para a próxima página - e, obviamente, à esquerda, para voltar à página anterior.

Com capacidade para mais de 1.100 e-books, o Kindle, diante do livro impresso "Steve Jobs - a Biografia", de Walter Isaacson, se mostra fino, leve e pequeno, ideal para quem gosta de ler em viagens ou anda com muitos livros no dia a dia

Também é fácil a marcação de texto (o equivalente a sublinhar um trecho de um livro ou fazer anotações na lateral). Ao tocar uma palavra, ela fica marcada e basta arrastar a ponta do dedo para o restante do texto até o ponto em que deseja finalizar a marcação. Depois disso, aparece uma janela com opções para salvar a marcação ou acrescentar uma anotação relativa ao texto marcado. Com o aparelho conectado, também é possível compartilhar aquele trecho com os amigos nas redes sociais.

O Kindle Paperwhite é vendido em duas versões. Uma somente com conexão Wi-Fi (R$ 479) e outra com Wi-Fi e 3G (R$ 699). Merece menção o fato de que a conexão 3G é gratuita e, para desfrutar desse recurso, o usuário não precisa comprar chip nem se preocupar com a habilitação do aparelho junto a alguma operadora. Basta ligar o Kindle e ele estará conectado. Esta facilidade está disponível em mais de 100 países, incluindo o Brasil. Os R$ 220 cobrados a mais pelo aparelho com 3G são bem significantes e exigem que o usuário avalie bem se vale a pena. Afinal, com um Wi-Fi, o usuário pode se virar bem baixando seus livros (o aparelho tem capacidade para guardar mais de 1 mil e-books) para ler offline em qualquer lugar.

É verdade que o aparelho oferece um "Navegador Experimental", com o qual o usuário pode acessar sites em geral - mas aí, convenhamos, já estamos entrando na praia dos tablets. A rolagem de página no navegador do Kindle Paperwhite é muito ruim. O acesso e a leitura de websites via e-reader deve ser encarado mais como uma opção quando o usuário não tiver por perto um tablet ou computador para a leitura desse tipo de conteúdo "fast food". O Kindle não substitui o tablet na hora da navegação na internet, assim como o tablet não substitui o e-reader na hora de ler um longo livro confortavelmente.

FIQUE POR DENTRO
Diário está entre os jornais mais lidos no aparelho
Desde 2011, os usuários do leitor de livros digitais Kindle, da Amazon, podem receber, todos os dias, em seus dispositivos, a edição do Diário do Nordeste voltada para esta plataforma de leitura da maior livraria online do mundo.

Segundo o próprio site da Amazon apresentava na última sexta-feira, o jornal cearense ocupa a terceira posição entre os periódicos "best-sellers" (lista dos mais vendidos) no Brasil. No mesmo dia, o Diário aparecia também como o quinto jornal mais vendido na América do Sul, juntando-se na lista dos best-sellers a publicações como O Globo (do Rio de Janeiro), El Tiempo (da Colômbia) e La Nación (da Argentina).

Os usuários de qualquer aparelho Kindle podem ter acesso ao jornal através da loja virtual que oferece conteúdo para o dispositivo no site Amazon.com. O serviço oferece um período de experimentação gratuita por 14 dias. Se o usuário desejar continuar recebendo a edição do jornal diariamente, após o período de "degustação", pode fazer a assinatura mensal no valor de US$ 6,99. Para quem tem dispositivos com conexão 3G, o jornal é baixado automaticamente nas primeiras horas do dia.

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