Caderno 3
De
inquilina à proprietária. Assim pode ser definida a trajetória da
Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira, que ocupa sede própria na
mesma Avenida da Universidade, onde funciona desde o início dos anos
1970. Naquela época, o espaço era bem menor, assim como o acervo,
contrastando com o charmoso sobradinho que ocupa hoje, o número 2572
daquela via.
[Leitura e estudo]
24.03.2013
Acervos desatualizados e falta de climatização são alguns dos principais problemas de bibliotecas públicas
[Leitura e estudo]
24.03.2013
Acervos desatualizados e falta de climatização são alguns dos principais problemas de bibliotecas públicas
De
inquilina à proprietária. Assim pode ser definida a trajetória da
Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira, que ocupa sede própria na
mesma Avenida da Universidade, onde funciona desde o início dos anos
1970. Naquela época, o espaço era bem menor, assim como o acervo,
contrastando com o charmoso sobradinho que ocupa hoje, o número 2572
daquela via.
A
Gibiteca é um dos atrativos da Biblioteca Pública Municipal Dolor
Barreira. Espaço também é procurado por pessoas que estudam para
concursos e procuram lugar silencioso Fotos: Lucas de Menezes
À
primeira vista, o prédio precisa de uma pintura e alguns reparos na
estrutura física, além de finalizar os ajustes de ordem administrativa,
para que o público volte a contar com a abertura da casa aos sábados,
uma das principais reivindicações dos usuários. A boa notícia vem da
Secretaria de Cultura de Fortaleza: o espaço volta a funcionar, aos
sábados, a partir da primeira semana de abril. Para marcar a reabertura
dos trabalhos, será realizada uma oficina de desenhos no sábado, dia 6.
Conforme a Secultfor, a suspensão das atividades foi devido "à
reestruturação da equipe". A biblioteca precisa também de uma política
para compra de livros, uma vez que o acervo é formado apenas por
doações.
Na realidade, as atribuições da biblioteca, assim como o
acervo aumentaram ao longo dessas pouco mais de quatro décadas de
existência. O acerco não para de aumentar, como confirma Pedro Henrique
Marques de Andrade, responsável pela automatização da biblioteca,
afirmando que são mais de 16 mil livros catalogados contra mais 15 mil
que estão esperando para a realização do trabalho. Cita as coleções do
jurista Dolor Barreira, do professor Geraldo Nobre, que ainda precisam
ser catalogadas. A coleção foi doada pela família do intelectual e
consta de cerca de 1 mil livros. Fará parte do arquivo cativo, isto é,
apenas para consulta. Apesar de não dispor de política para a aquisição
de obras, afirma que conta com "raridades, sobretudo sobre a história e a
geografia do Ceará, fazendo com que muitos alunos da UFC venham
pesquisar aqui".
Apesar das limitações, Pedro Henrique de Andrade
reconhece que "é difícil as pessoas procurarem algum livro que a gente
não disponha". Também concorda que surge um novo tipo de usuário nas
bibliotecas atualmente: as pessoas que se preparam para concursos.
Antes, o público era formado mais por universitários e pesquisadores,
além daqueles considerados "ratos de biblioteca".
A bibliotecária
do turno da noite, Joana D´Arc Perosa, afirma que falta espaço para
abrigar a demanda proveniente, na sua maior parte, das universidades.
Confirma que o acervo mais procurado é relacionado ao Ceará. São livros
sobre literatura, história e geografia, destacando que os livros
didáticos estão entre os mais acessados.
Opiniões
O
estudante de pós-graduação em História, Ítalo Andrade, 22 anos, que diz
usar a Dolor Barreira como segunda opção, preferindo a da UFC. Para
ele, a Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel fica "um pouco
deslocada". O acervo e a acomodação da Dolor, diz, deixam muito a
desejar. "Na Menezes Pimentel, o conforto é maior e o acervo, mais
recente", compara.
O que se pode observar é que as bibliotecas
ganharam mais responsabilidades e diversificaram os seus serviços. As
pesquisas não se restringem apenas aos livros físicos ou de papel, daí a
necessidade desses equipamentos entrarem, definitivamente, na era
virtual, proporcionando maior acesso às informações. Por enquanto, a
Dolor Barreira está digitalizando o seu acervo.
A Biblioteca
Pública Menezes Pimentel também não possui acervo digitalizado. Por
enquanto, o acervo apenas impresso. De acordo com o último relatório, o
bibliotecário Valdenir Braga informa que os livros mais procurados são
os paradidáticos. Os livros relacionados ao Ceará estão entre os mais
requisitados pelo público, que divide-se entre pesquisadores, estudantes
e "concurseiros". Os livros acadêmicos são os mais pesquisados,
enquanto os romances lideram a lista dos empréstimos. As pessoas podem
levar até dois livros, podendo passar o tempo máximo de 15 dias. Para
ter acesso ao empréstimo, basta fazer uma carteira, sendo necessário a
apresentação de cópia da carteira de Identidade, CPF, comprovante de
residência atual, duas fotos e a taxa de R$ 4.
O horário de
funcionamento, a Biblioteca Pública Menezes Pimentel é de segunda a
sexta-feira, das 8h às 21h; e no sábado das 9h às 17h. Antes, ela
funcionava aos sábados domingo, por quatro horas. Após enquete com os
usuários, desde agosto do ano passado, o equipamento passou a funcionar
apenas aos sábados, cumprindo 8 horas corridas.
HQs
Da
inclusão digital, passando pelo teatro, cinema, contação de histórias,
espaço para lançamentos de livros onde acontece o projeto "Chá com
Palavras", os amantes dos Quadrinhos têm um espaço reservado entre as
atividades oferecidas pela Dolor Barreira. Trata-se da Gibiteca de
Fortaleza, considerada por Lucília Mendes de Sousa, responsável pelo
equipamento desde 2008, a quarta melhor do País. "Muitas escolas visitam
a Gibiteca", comemora. Muitas vezes, não sabe dizer quem está gostando
mais da visita: se o pai ou as crianças, resume. Demonstrando afinidade e
conhecimento com o tema, admite que, hoje, o Quadrinho está muito
avançado. O acervo, composto por mais de 3 mil títulos, inclui
importantes nomes da História em Quadrinhos dos Estados Unidos e do
Japão. A responsável pela Gibiteca Fortaleza diz sentir falta das
oficinas, das palestras com importantes nomes dessa arte tando do Brasil
quanto do cenário internacional. Ela afirma que é preciso que essas
promoções sejam retomadas.
SAIBA MAIS
Biblioteca Pública Municipal Dolor Barreira - Av. da Universidade, 2572 - Benfica.
De segunda-feira a sexta-feira, de 8h às 21h; e sábado, de 13h às 17h. Contato: (85) 3254.6041
Biblioteca
Pública Governador Menezes Pimentel - Av. Presidente Castello Branco,
255, Centro. De segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 21h; e sábado,
das 9h às 17h. Contato: (85) 3361-1930
Silêncio atrai estudantes
Além
do acervo, o silêncio das bibliotecas tem atraído novos usuários. O
jovem Yuri de Lima Rodrigues, 18 anos, confessa ser a busca por um
ambiente tranquilo o principal motivo para ir à Biblioteca Municipal
Dolor Barreira. Lá, a sala de estudos fica localizada na área mais
afastada da movimentação da Avenida da Universidade, onde funciona. Com a
ajuda do sossego do local para estudar, somado ao seu esforço pessoal, o
jovem conseguiu realizar um sonho: passou no vestibular para História
da Arte, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS). No
momento, aproveita o tempo para atualizar seus conhecimentos, usando os
serviços do Telecentro, projeto de inclusão digital do Ministério das
Comunicações, que funciona em uma das salas da biblioteca.
"Comecei
a utilizar a Dolor Barreira desde o ano passado, por ocasião da greve
da UFC", relembra Yuri Rodrigues. "Aqui é mais tranquilo do que em
casa", garante, enquanto demonstra não desperdiçar tempo. Assim,
enquanto realiza pesquisas na web, manuseia livros sobre o que mais
gosta de estudar.
O número de usuários do Telecentro, por turno, é
de 10, o mesmo de computadores disponíveis, funcionando de segunda a
sexta-feira, da 8h às 12 e das 14 às 18h, sempre contando com a
colaboração de um estagiário que exerce a função de monitor. Ronaldo
Feitosa trabalha como estagiário do turno da tarde. "Como o sistema é
Linux, às vezes, as pessoas pedem ajuda para a gente", argumenta. O
Telecentro representa mais uma função desempenhada pela biblioteca,
destaca Patrícia Viana Belém, do setor administrativo da Dolor Barreira,
sendo encarregada pela visita guiada tanto de alunos do curso de
Biblioteconomia quanto os que participam da programação artística e
cultural, realizada toda semana naquele espaço. "O projeto realiza a
parte de inclusão digital através da pesquisa", diz, acrescentando que o
trabalho é monitorado por câmara, portanto o acesso é exclusivo para
estudo. Os estagiários são da área de informática, complementa.
A
servidora faz a observação de que, nos últimos anos, além de
pesquisadores, alunos de pós-graduação ou estudantes universitários,
principalmente da UFC, pela própria localização do equipamento, a
biblioteca recebe outro público: estudantes que vão prestar provas ao
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pessoas que se preparam para
concursos.
IRACEMA SALESREPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste
Matéria disponível através do link < http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1245141 > Acesso em 26 mar.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário