Por Ana Wanessa Bastos
No presente tópico, abordaremos questões
relacionadas as mídias de acesso às informações na Internet. A partir de
teorias de estudiosos das áreas correlatas de comunicação e informação, mais
precisamente a investigadores da cibercultura, como Santaella, Lévy, McLuhan,
Lemos, Recuero e Moraes, para melhor representar os termos mídias e
mídias sociais na Internet.
Para falarmos sobre as mídias de acesso às
informações, é fundamental entendermos sobre comunicação e informação. Para
Maffesoli (2003) A comunicação é a cola do mundo pós-moderno. A comunicação, antes
de tudo, remete ao estar-junto; à informação, ao utilitário. Ainda citando
Maffesoli (2003) este retrata a composição do termo informação:
Informar
significa ser formado por. Trata-se da forma que forma, a forma formante. Quer
dizer que numa era da informação, talvez a de hoje, não se pensa por si mesmo,
mas se é pensado, formado, inserido numa comunidade de destino. Vale repetir: a
forma é formante. A informação também liga, une, junta.
No artigo, O campo híbrido da
informação e da comunicação. Paiva (2002)
retrata o campo interdisciplinar formado pelas Ciências da Informação(CI) e da
Comunicação. O autor apresenta este campo como “híbrido”, voltado para o
conhecimento dos processos midiáticos e das práticas informacionais e
comunicacionais. Nesse sentido, o termo
“midiático” é definido como uma expressão dos processos físicos e imateriais
geradores de informações por meio de diferentes mídias
A partir dos breves conceitos apresentados
dos termos informação e comunicação e tendo um entendimento da relação de
aproximação das fronteiras duas áreas do conhecimento, a CI e a Comunicação, as
quais segundo Paiva (2002) há algum tempo têm partilhado dúvidas e
questionamentos focados nas questões específicas da mídia, em suas conexões com
os temas da cultura e sociedade.
Mas afinal, Mídias de acesso a quê? acesso
às informações. informações para quê? para o bem estar, para negócios, para
conhecimento etc. informações para quem? para pessoas, consumidores, empresas,
clientes etc.
Aquela mesma explosão informacional do
século XX, década de 40/50 ainda permanece, porém permanece de forma flutuante,
líquida no espaço e no tempo. No caos informacional diziam que “informação é
poder”. Hoje com o boom informacional
podemos dizer “poder é compartilhamento”. “Você é o que você compartilha.”
(anônimo). Conforme SANTAELLA, 2007, p.28:
[…] Nas
comunidades virtuais, nos fóruns de discussão e nos registros, a força
simbólica do mediterrâneo emerge como experiência vivida, cotidiana,
simultaneamente única, coletiva e universal. No passado o mercador atuava como
pesquisador nômade e promovia intercâmbios ao trazer de suas viagens elementos
de culturas distantes. Na infoera, o antigo mercador volta repaginado em
programas de buscas, agentes inteligentes, blogs
e bloglines.
O mundo físico de hoje é o mundo de fluxo
informacional. Navegar pelas redes informacionais é se aventurar por
territórios estrangeiros, travar contatos em busca de conhecimento e engendrar
subjetividade. É instigante refletir sobre a Internet e pensar na relação do
espaço/tempo e a nós como sujeitos mediatizados.
Mas, o que é o espaço? Temos que
reaprender a pensar o espaço. Espaço de extensão tridimensional, sem fronteiras
e lugar-não-lugar. Mas, e o tempo? Visto que “o passado é
o tempo que já passou; o presente é o tempo em que vivemos e... passou, não existe mais;
o futuro,
como está
por vir, ainda não existe.” (anônimo)
Conforme Lemos (2005) o que está em jogo são modificações espaço-temporais
profundas que alteram, remodelam e inovam a dinâmica social. Trata-se da
“modernidade líquida” do sociólogo polonês Zygmunt Bauman. E nesse contexto,
temos o espaço como o espaço líquido da mobilidade de Santaella (2007).
Refletindo sobre a liquidez e a mobilidade
na atual modernidade desenraizadora Santaella (2007, p.15 apud Bauman) afirma que [...] agora todas as coisas – empregos, relacionamentos,
afetos, o amor, know-hows etc. tendem
a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis.
Para tanto, Moraes (2000) relata que no
ponto nodal da simbiose real-virtual, a Internet situa-se na base de
criação de uma fronteira a um só tempo física e abstrata. Para o autor, ela é
física e tangível, porque sua infra-estrutura operacional é feita de interfaces
gráficas, de modems e de discos rígidos. Abstrata e intangível, pois os
conteúdos remetem à ordem da representação, da cognição e da emoção.
As novas Tecnologias de
Comunicação e Informação (TICs) da cidade-ciborgue de Lemos (2005) estão
voltadas para uma nova inter-relação espacial. Estas criam novas formas de
organização do espaço e do tempo.
A possibilidade de gerar,
organizar e compartilhar conteúdo na cidade-ciborgue de Lemos (2005), nos perpassa uma sensação de liberdade. Para Lévy (2001), essa tal
liberdade é angustiante, mas é imprescindível aprender a conviver com
ela. Em sua obra Cibercultura, ele fala sobre o dilúvio de informações que nos
assolam e que somos tentados a dizer: - vamos salvar o essencial.
Em uma entrevista concedida ao programa
Memória Roda Viva da FAPESP, em 2001. Lévy fala sobre cibercultura e
inteligência coletiva. Fala sobre a necessidade de cada um, cada individuo,
cada grupo fazer por conta própria uma filtragem, uma organização, uma
seleção, uma hierarquização dos conteúdos, ou seja, das informações a serem
consumidas na grande rede planetária. O filósofo francês afirma que isso é
absolutamente necessário diante da totalidade da informação bruta
disponibilizada na Internet.
Todavia, Lévy (2001) alerta que devemos
ter consciência de nossa responsabilidade à fabricação de sentido (cognição). E
que, segundo ele não cabe mais a mídia (tradicional) dizer qual o significado
das coisas. E sim, cabe a nós assumir a responsabilidade de fazer uma escolha e
dizer “é isso que nos interessa” e/ou “é o rumo que queremos tomar”.
Nesse contexto, Moraes (2000)
em seu artigo A ética comunicacional na Internet trabalha a inteligência
coletiva nas infomídias interativas e afirma que o fluxo interativo na grande
rede favorece a emergência de uma ética por interações. Recuero (2009) dialoga
com Moraes (2000) quando fala que um
elemento característico das redes sociais na Internet é sua capacidade de
difundir informações das conexões existentes entre os atores. Nesse sentido, a autora afirma que essa capacidade
alterou de forma significativa os fluxos de informação dentro da própria rede.
Ainda citando Moraes (2000), este afirma que:
[…] a Internet oferece-se à contemplação
como um gigantesco mosaico, no qual quem decide o que deve ser destacado e
aproveitado no emaranhado de nós é o agente humano, por afinidades e
conveniências.
Com isso, Reforça-se a evidência de que os
estatutos éticos das comunidades virtuais se constroem no interior de seus
cosmos produtivos. Moraes (2000) dialoga com Lévy (2009) quando afirma que cabe
à capacidade cognitiva dos indivíduos determinar como se vão rearticular as
conexões globais.
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