quarta-feira, 6 de julho de 2011

Registrando minha Homenagem a um grande Homem Xara Barroso


COLUNA


Regina Marshall
Publicado em 5 de julho de 2011

Flashes
A missa de 7º Dia do saudoso Xara Barroso será hoje, às 19 horas, na igreja do Cristo Rei.
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1006251

Blog HÉLIO PASSOS
Domingo, Fevereiro 13, 2011

O COMETA HALLEY

Vou contar uma história. Eu e meu velho amigo Xara Barroso, a quem só Deus pode derrotar, passávamos nossos finais de semana na fazenda dele, Jacurutu, ali pela periferia de Canindé, a 9km da BR. Num desses dias, 5 de março de 1986, havia uma motivação espetacular: a passagem do Cometa de Halley, que só aparece a cada 70 anos. O horário previsto pelo pessoal da Nasa era entre 22 ou 23 horas. Nós nos preparamos para o grande acontecimento. Na verdade, o mundo todo se preparou.

Mas não houve acontecimento nenhum. Só quem viu o Halley foi o pessoal da Nasa, durante 10 minutos, e o telescópio de 100 polegadas em Las Camapanas, no Chile. Os amigos convidados para assistir ao belo espetáculo reuniram um colossal equipamento de máquinas fotográficas das mais modernas até então. Teve gente que alugou aviões de grande porte para fotografar o cometa a 10.000m de altitude.

Se não vimos o grande cometa, também ninguém viu. Ocorreu o seguinte: a partir das 21 horas, o céu começou a escurecer por causa de nuvens pesadas que começaram a cair em ritmo de tempestade. Incrível. Na hora prevista para o cometa aparecer choveu uma chuva de 170mm, com raios e trovões. E choveu a noite inteira. Eu e o Xara ficamos numa casa da beira da estrada da fazenda, e ele, enorme, com seus 130 quilos, tropeçou em alguma coisa, numa escuridão tremenda, e caiu como um saco de batata.

Sozinho, até hoje não sei explicar dois detalhes: onde arranjei forças para levantá-lo e, mais surpreendente ainda, onde consegui fósforo e lamparina naquele momento. E tome chuva! Chegamos à casa da fazenda, num velho jipe americano, como dois pardais encharcados. Daí em diante, só risadas e gozações.

Hoje, Xara está com 95 anos, ao lado de sua mulher, Maria da Paz (60 anos de casados), não é o mesmo, mas vai ao escritório todas as manhãs, tem sua secretária e ainda trata de negócios ou manda ler a biografia dele que eu escrevi. A fazenda Jacurutu, que chegou a ter 20 mil hectares, foi desapropriada pelo governo, que pagou a preço de banana e ainda ficou devendo C$ 10 mil que o proprietário jamais vai receber.

Restam-nos as nossas lembranças e álbuns de fotografias que organizei nos finais de semana. Xara era apaixonado por sua fazenda, seu imenso açude particular cheio de gordas tilápias e tantos outros peixes, afora a coalhada e o leite mugido que tomávamos às cinco da matina. E o que dizer das sestas nas redes brancas e mais limpas do planeta?

Quanto ao Cometa Halley, jamais o veremos. Só vai aparecer agora em 2052, e até lá, eu, Xara e companhia estaremos passeando nas nuvens do Além, ao som de trompetes angelicais.

Fonte: http://hpassos.blogspot.com/2011/02/o-cometa-halley.html

A um idoso jovem

22/9/2008
EDUARDO FONTES- Jornalista

Encontro Xara Barroso no seu escritório, pela manhã, às vezes à tarde. Nunca está sozinho. Um homem com 93 anos de idade e 66 de casado, nunca pode estar só. Está sempre na companhia de suas lembranças e de suas saudades, e dos amigos que ainda hoje o visitam. É comum vê-lo conversar com os seus diletos amigos de ontem. Eles pendem da parede em frente. Ali estão Edson Queiroz - que todos os dias visitava Xara; o irmão Plácido Barroso; o monsenhor Amarílio Rodrigues, que se era míope, nem por isso era privado de visão bastante para enxergar os corações humanos, com suas qualidades e defeitos. Também os filhos que partiram estão ali, como jovem se conserva a esposa Maria da Paz, no esplendor de sua juventude. Este é o milagre da fotografia. Congela no tempo os antigos semblantes. E são tantos os que dialogam com Xara no silêncio de antigos retratos - sem esquecer aqueles remanescentes de um tempo passado que o visitam para um dedo de prosa, sempre vívida, enriquecida de casos e pontuada de risos - pois Xara conserva a alegria dos bons. Assim é Xara Barroso - o novo amigo que ganhei agora que estou na idade do beco sem saída. A ele presto a minha homenagem, na certeza de que a senectude nunca mata no homem a criança que ainda hoje brinca no sorriso de Xara Barroso. Xara, cujo nome é José Liberato Barroso, está “imortalizado” em livro de autoria do jornalista Hélio Passos, sob o título “Xara, Mar & Terras”, editado em 2005, por ocasião do transcurso dos 90 anos do homenageado. De marinheiro a empresário do ramo de táxi, longo é o caminho percorrido, com honra e dignidade. Xara, de antonomásia, virou nome próprio, pois até herdeiro foi batizado com antigo apelido em homenagem ao avô coruja. O que há de querer mais da vida um homem que tem esposa, filhos, noras, netos e bisnetos, e uma imensa disposição de viver no vigor dos 93 janeiros? No mês que em se homenageia o idoso, nada mais justo do que homenagear uma figura humana da dimensão de Xara Barroso, que espera ansioso comemorar Bodas de Diamante com sua amada esposa. Ave, Xara!

http://diariodonordeste.globo.com/m/materia.asp?codigo=574300


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