Encontro em Marília identifica problemas das áreas de arquivologia e biblioteconomia
[30/03/2011]
A Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC), Câmpus de Marília, realizará de 12 a 14 de abril o 2º Seminário Científico: Arquivologia e Biblioteconomia “Usos e Usuários da Informação”. O encontro reunirá professores de diferentes universidades brasileiras, alunos de pós-graduação e de graduação e profissionais que trabalham com a temática em museus, arquivos nacionais e bibliotecas. As inscrições ficam abertas até 12 de abril.
“O cidadão tem o direito de consultar documentos e obras públicas, por isso os materiais precisam ser bem conservados”, afirma a coordenadora do evento, Maria Leandra Bizello, historiadora especialista em arquivologia e professora da FFC. Para ela, não são apenas os pesquisadores que se beneficiam de um acervo bem guardado. Advogados e outros profissionais do direito, por exemplo, podem depender desse tipo de material para esclarecer questões jurídicas.
Memória em risco
A preservação de obras artísticas, artefatos históricos e documentos tem sido problemática em diferentes partes do mundo, explica a professora. De acordo com ela, no Brasil, o descuido é geral – envolve tanto o setor público como o privado. “Ainda é preciso aumentar o investimento e formar mais profissionais para essa tarefa, que tem características muito específicas de acordo com cada tipo de acervo.” Os países que têm dado um melhor tratamento à questão são a França, o Canadá, os EUA e a Inglaterra, diz a historiadora.
Em caso de catástrofes naturais, como os terremotos e o tsunami que atingiram o Japão em março, ou quando a ação não planejada do homem desencadeia tragédias, como os deslizamentos de terra no estado do Rio de Janeiro este ano, a perda de patrimônio é expressiva. As revoltas populares no Oriente Médio são um exemplo de como guerras e distúrbios políticos também ameaçam os materiais. No Egito, diversas peças foram destruídas ou furtadas de museus e prédios públicos, recentemente. Nessas situações, a arquivologia pode ajudar na recuperação de parte desses dados.
Fragilidade digital
A tecnologia, cada vez mais empregada na armazenagem de acervos, precisa ser vista com ressalvas. “Se a viabilidade, a necessidade e a forma de implementação da digitalização não forem bem pensadas, o uso de ferramentas eletrônicas pode apenas complicar mais o processo de preservação”. Para Maria Leandra, as pessoas tendem a pensar que os acervos digitais são mais resistentes ao tempo, mas, em geral, requerem recursos mais sofisticados de manutenção.
O papel pode resistir a décadas. Já a informação contida em CDs apaga com o tempo e os discos rígidos podem dar defeito facilmente, o que implica uma recorrente migração de uma mídia para outra, os chamados back-ups. “Mesmo com todos os cuidados, ainda corremos o risco de ouvir aquela famosa expressão ‘deu pau’”, afirma. A fragilidades dos arquivos digitais têm fomentado grupos de pesquisa em diversas universidades. Na Unesp, a atual reformulação do currículo do curso de Biblioteconomia da FFC deve contemplar essa área.
“A discussão sobre a preservação da informação ainda é muito tímida no Brasil, o que torna a promoção de encontros como esse fundamental para estudantes e profissionais”, diz Maria Leandra. A taxa de inscrição do seminário é de R$ 15 para graduandos, R$ 20 para alunos de pós-graduação e R$ 30 para os demais participantes. No site www.marilia.unesp.br/2seminarioarqbiblio é possível se cadastrar e conferir a programação completa.
Cínthia Leone
Fonte: http://www.unesp.br/cgb/noticia.php?artigo=6758
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