Artigo de Eduardo Ribeiro e Hamilton Almeida
"As
pioneiras transmissões de rádio aconteceram no final do século 19"
Eduardo
Ribeiro é jornalista e dirige a newsletter "Jornalistas&Cia", que
se associou ao MLM - Movimento Landell de Moura. Hamilton Almeida é jornalista
e escritor, autor do livro "Padre Landell de Moura: Um Herói Sem
Glória" (Ed. Record) e de outras três obras sobre o padre. Artigo
publicado na "Folha de SP":
O dia 21 de
janeiro de 2011 marcará os 150 anos de nascimento de um dos maiores cientistas
brasileiros, ignorado pela história e pela gente de seu país. Seu nome é
Roberto Landell de Moura (1861-1928), nascido em Porto Alegre , padre
de formação que completou os estudos em Roma, especializando-se em física e
química.
Com o
conhecimento teórico e a inquietude dos que estão à frente de seu tempo,
transmitiu a voz humana à distância, sem fio, pela primeira vez no mundo. Foi
também pioneiro ao projetar aparelhos para a transmissão de imagens (a TV) e
textos (o teletipo).
Previu que
as ondas curtas poderiam aumentar a distância das comunicações e também
utilizou-se da luz para enviar mensagens, princípio das fibras ópticas. Tudo
está documentado por patentes, manuscritos, noticiário da imprensa no Brasil e
no exterior e testemunhos.
As
pioneiras transmissões de rádio aconteceram no final do século 19, ligando o
alto de Santana -o Colégio Santana- à emblemática avenida Paulista, que hoje
abriga diversas antenas de emissoras de rádio e de TV.
Ao
transmitir a voz, Landell se diferenciou de Marconi. O cientista italiano
inventou o telégrafo sem fios, ou seja, a transmissão de sinais em código Morse
(conjunto de pontos e traços), e não o rádio tal como o conhecemos.
As
experiências do padre Landell não sensibilizaram autoridades e nem
patrocinadores. Pior: um grupo de fiéis achou que o padre "falava com o
demônio" e destruiu os seus aparelhos.
Mesmo tendo
patenteado o rádio no Brasil (em 1901), Landell não obteve reconhecimento.
Decidiu, então, viajar para os Estados Unidos, onde conseguiu, em 1904, três
cartas-patentes. De volta ao Brasil, quis fazer uma demonstração das suas
invenções no Rio de Janeiro, mas, por erro de avaliação, o governo não lhe deu
a oportunidade.
Depois,
seria "forçado" a abandonar as experimentações científicas. Morreu no
ostracismo e o Brasil importou tecnologia para entrar na era das
radiocomunicações! O Brasil tem agora a oportunidade de reconhecer a obra
científica de Landell e incluir os seus feitos no currículo escolar obrigatório
do ensino básico.
É por isso
que luta o MLM - Movimento Landell de Moura, integrado por voluntários de
diferentes áreas, que construiu um site (www.mlm.landelldemoura.qsl.br)
para angariar assinaturas em prol desse reconhecimento.
Vale
registrar que o movimento não tem fins político-partidários, religiosos,
financeiros ou de promoção pessoal. Paralelamente, os Correios asseguram uma
conquista: a emissão de um selo comemorativo dos 150 anos de nascimento de
Landell.
Também está
em curso no Congresso Nacional a inclusão do nome do padre-cientista no Livro
dos Heróis da Pátria, por proposição do senador Sérgio Zambiasi.
(Folha de
SP, 19/9)
Nenhum comentário:
Postar um comentário