segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

No "VALE A PENA LER DE NOVO": O brasileiro que inventou o rádio

Artigo de Eduardo Ribeiro e Hamilton Almeida
"As pioneiras transmissões de rádio aconteceram no final do século 19"
Eduardo Ribeiro é jornalista e dirige a newsletter "Jornalistas&Cia", que se associou ao MLM - Movimento Landell de Moura. Hamilton Almeida é jornalista e escritor, autor do livro "Padre Landell de Moura: Um Herói Sem Glória" (Ed. Record) e de outras três obras sobre o padre. Artigo publicado na "Folha de SP":
O dia 21 de janeiro de 2011 marcará os 150 anos de nascimento de um dos maiores cientistas brasileiros, ignorado pela história e pela gente de seu país. Seu nome é Roberto Landell de Moura (1861-1928), nascido em Porto Alegre, padre de formação que completou os estudos em Roma, especializando-se em física e química.
Com o conhecimento teórico e a inquietude dos que estão à frente de seu tempo, transmitiu a voz humana à distância, sem fio, pela primeira vez no mundo. Foi também pioneiro ao projetar aparelhos para a transmissão de imagens (a TV) e textos (o teletipo).
Previu que as ondas curtas poderiam aumentar a distância das comunicações e também utilizou-se da luz para enviar mensagens, princípio das fibras ópticas. Tudo está documentado por patentes, manuscritos, noticiário da imprensa no Brasil e no exterior e testemunhos.
As pioneiras transmissões de rádio aconteceram no final do século 19, ligando o alto de Santana -o Colégio Santana- à emblemática avenida Paulista, que hoje abriga diversas antenas de emissoras de rádio e de TV.
Ao transmitir a voz, Landell se diferenciou de Marconi. O cientista italiano inventou o telégrafo sem fios, ou seja, a transmissão de sinais em código Morse (conjunto de pontos e traços), e não o rádio tal como o conhecemos.
As experiências do padre Landell não sensibilizaram autoridades e nem patrocinadores. Pior: um grupo de fiéis achou que o padre "falava com o demônio" e destruiu os seus aparelhos.
Mesmo tendo patenteado o rádio no Brasil (em 1901), Landell não obteve reconhecimento. Decidiu, então, viajar para os Estados Unidos, onde conseguiu, em 1904, três cartas-patentes. De volta ao Brasil, quis fazer uma demonstração das suas invenções no Rio de Janeiro, mas, por erro de avaliação, o governo não lhe deu a oportunidade.
Depois, seria "forçado" a abandonar as experimentações científicas. Morreu no ostracismo e o Brasil importou tecnologia para entrar na era das radiocomunicações! O Brasil tem agora a oportunidade de reconhecer a obra científica de Landell e incluir os seus feitos no currículo escolar obrigatório do ensino básico.
É por isso que luta o MLM - Movimento Landell de Moura, integrado por voluntários de diferentes áreas, que construiu um site (www.mlm.landelldemoura.qsl.br) para angariar assinaturas em prol desse reconhecimento.
Vale registrar que o movimento não tem fins político-partidários, religiosos, financeiros ou de promoção pessoal. Paralelamente, os Correios asseguram uma conquista: a emissão de um selo comemorativo dos 150 anos de nascimento de Landell.
Também está em curso no Congresso Nacional a inclusão do nome do padre-cientista no Livro dos Heróis da Pátria, por proposição do senador Sérgio Zambiasi.
(Folha de SP, 19/9)

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