SOUZA, Francisco das Chagas de. A Escola de Biblioteconomia e a ancoragem da profissão de bibliotecário. Informação e Sociedade: Estudos, v. 11, n. 2, p. 1-12, 2001. Disponível em: <http://www.ies.ufpb.br/ojs2/ index.php/ies/issue/view/32/ showToc>.
Uma das discussões hoje presente nas escolas de Biblioteconomia ou a ela imposta diz respeito à denominação da formação profissional, isto é, qual deve ser o nome do Curso de Bacharelado. Nisto, se pretende discutir o fator identitário. Porém, um forte componente que ingressa na discussão desvia o sentido identitário justamente quando remete para as denominações que particularizam, especializam e reduzem a amplitude do nome Biblioteconomia. Aceitando que o termo biblioteconomia é uma composição cuja origem etimológica vem de Biblio (= livro ou informação) + thèque (= caixa, estante ou ambiente da informação) + nomos (= regras, princípios de organização), tem-se que Biblioteconomia é um termo de grande abrangência. Requer que o conhecimento do bibliotecário alcance desde o processo de construção da informação, o que envolve o conhecimento de Filosofia e de Teoria de Conhecimento, por exemplo, passe pelo conhecimento da arquitetura da informação, da arquitetura dos suportes, meios e canais por onde flui a informação, pela engenharia da informação e chegue até aos domínios dos processos de gestão da informação, do seu uso, do seu custo, dos seus resultados sociais e econômicos, dos seu utilizadores, das suas condições de disseminação no espaço político e social onde ocorre e para onde vai, dentre outros aspectos. Assim, uma Escola de Biblioteconomia, que formasse um bibliotecário completo o formaria para ser mais que um gerente, um disseminador, etc. Todas as designações que aí estão como as listadas em Bertholino; Curty; Terraxi não têm grande sentido ou são redutoras, pois se associam a um processo técnico, a um procedimento tecnológico, enfim, fenômenos que são, por natureza, mutantes por conta da dinâmica da sociedade e do conhecimento que produz e aplica. De outro lado, reconhecer que a expansão das atividades requer aplicações específicas que têm nomes específicos não pode deixar de ser feita. Mas tomar essas atividades como geradoras de profissões que obscurecem, ou anulam, ou extinguem a formação em biblioteconomia e a atuação do egresso do curso de graduação como bibliotecário parece que contribui para destruir com a possibilidade de consolidar perante a sociedade a tradição necessária de um papel sócio-profissional em construção permanente, como este. (Via Marielle de Moraes/facebook)
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