Por Ana Wanessa Bastos
COGNIÇÃO E TECNOLOGIA:
O QUE MOVE A SOCIEDADE?
O QUE MOVE A SOCIEDADE?
COGNIÇÃO
Anterior a disciplina Cognição e
Tecnologia não estudei, assim como, não ouvi falar sobre o termo cognição, ou
teoria da cognição[1].
Por ser um campo de estudo complexo e inédito por minha pessoa, fiquei um tanto
perdida em minhas reflexões e sobre o mesmo e me senti bastante “ perturbada”
diante dos textos e dos vídeos vistos e discutidos em sala de aula.
No presente texto, farei uma breve
apresentação, por meio de fichamentos, comentários e apontamentos de sala de
aula dos assuntos abordados sobre cognição, mente humana, interações humanas e
buscando fazer relações com as tecnologias. Darei inicio pelas teorias de Piaget obre o desenvolvimento cognitivo e
de Vigostik mostrando a importância da construção do ser humano a partir da sua
interação com o outro.
As terias de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo e de Vigostik sobre as construções psicológicas superiores onde mostra como a linguagem e
o pensamento estão fortemente conectados. Serviram de base para a minha
compreensão do desenvolvimento do ser humano a partir de suas interações com o
mundo. Piaget elaborou sua teoria do desenvolvimento intelectual por estágios,
cujo ponto de partida é a posição egocêntrica. A partir do egocentrismo
percebeu que a inteligência se forma por meio de adaptações.
Vigostik parte do principio de
que ninguém é uma ilha. E que para se
construir, o ser humano necessita dos outros. Interagir, trocar, partilhar,
navegar para isso configura-se na linguagem, a grande ferramenta social de
contato. Influenciado pelo discurso marxista [2]construiu
suas teorias sobre as construções psicológicas superiores. Para ele é
importante a interação, intermediação, internalização e zdp – zona de
desenvolvimento proximal .
Quando
Vigotski falava que para melhorar o nível de aprendizagem é necessário mais do
que o individuo agir sobre o meio, necessita interagir. Nesse sentido, Duarte
(2004 apud Maturana) mostra que, ao partir das origens biológicas dos seres
vivos, desde as origens do universo, Maturana nos faz refletir sobre a
existência humana, como resultado de um acoplamento estrutural ontogênico,
resultante de uma deriva natural, e fundamentado nas raízes biológicas da
existência e nas relações sociais existentes e necessárias para a evolução da
humanidade.
Seguindo
as teorias acima, de Vigostki e de Matura, Remeti de imediato o meu pensamento
a época em que vivemos, na era da comunicação digital. Pois com o advento da
Internet e a vida no ciberespaço devemos (re)pensar
as relações sociais e culturais perante este “novo” espaço (espaço do ambiente
digital). Visto que este,é o espaço do mito, da memória, da
instantaneidade, da mediação e principalmente da interação coletiva.
Atualmente
já não imaginamos o mundo sem a Internet. Esta está mudando significativamente
as relações humanas com uma velocidade inimaginável. A interação social a partir do
compartilhamento e da criação colaborativa de informação é o que move a
sociedade digital. A exemplo disso, temos as mídias sociais, as redes
sociais na Internet que estão mudando as formas de comunicação de maneira
irreversível. É instigante refletir
sobre a Internet e o ciberespaço e nós como sujeitos mediatizados. Pensar comoo individuo deve saber se posicionar dentro do contexto social em que viv[3]e.
Pois
bem, para Vigostki todo sujeito adquire seus conhecimentos a partir de
interações interpessoais, de troca com o meio. As características individuais
estão impregnadas das características com o coletivo. Para ele é a partir da
interação com o outro que se constrói o conhecimento, através da língua, da
linguagem, dos símbolos escolhidos como metáfora. Isto é[4],
a interação é feita através da linguagem, que realiza a mediação do individuo
com a cultura.
Seguindo
a mesma linha de pensamento Duarte (2004 apud Maturana) mostra que mesmo que
haja uma estrutura genética e anatômica adequada para determinadas tarefas,
caso não haja um convívio social adequado, não haverá a evolução resultante de
um acoplamento estrutural ontogênico. Ou seja, o individuo necessita de
Interagir com o meio e ter relações interpessoais bem sucedidas para a
aquisição do esperado sucesso na sua caminhada para uma vida saudável e feliz.
COGNIÇÃO
E TECNOLOGIA
Os efeitos da tecnologia na cognição
humana - exposição do cérebro as tecnologias, a substituição da memória do
cérebro, tecnologia de “cognição incorporada”, robô com autoaprendizado,
Inteligência Artificial, computação
darwiniana cognitiva - modelos da computação inspirados na evolução, na noção
de mutação e seleção natural,TEDTalks
como o excedente cognitivo mudando o mundo dentro outros campos relacionados a
cognição e tecnologia. Mas afinal, o que move a sociedade?
A exposição do cérebro as
tecnologias mais finas, vai refinando esse cérebro para funções cognitivas cada
vez mais elaboradas e cada vez mais cedo. Um lado positivo dos efeitos da
tecnologia na cognição humana é apresentado através da habilidade cognitiva.
Esta é a habilidade de atenção, de raciocínio, habilidade de memória, habilidade
de lidar com múltiplas imagens ao mesmo tempo compondo um panorama de imagens,
possibilidade de trabalhar com informações de diferentes naturezas ao mesmo
tempo, ou seja, trabalhar com imagem, com som e com texto e com animação.
O vídeo ROBOSAPIENS, no qual foi
visto em sala de aula, apresentou um robô com autoaprendizado, mostrou uma
integração real entre o cérebro e algumas interfaces tecnológicas. Mostrou
exemplos de utilização da leitura dos sons do cérebro, quando na execução de
alguma atividade física, que passam a ser filtrados e servem como controle
para atuar em próteses, movimentar mouses e até robots. Isto é, apresentou
tecnologia de “cognição incorporada”.
Por
outro lado, esta exposição do cérebro as tecnologias também tem um lado
negativo (de perda). Quando pensamos em substituição da memória do
cérebro. O desenvolvimento de certas habilidades pelo uso de tecnologias
significa a perda de outras. A disponibilidade de vários dispositivos
eletrônicos de memória possibilitou a redução do uso da memória do cérebro. Há
tantos gadgets que não precisamos mais usar a memória. ( ENTREVISTA com a
profa. Maria Claudia UNB)
A tecnologia digital, blogs,
mapeamento de informações junto a generosidade humana e as interações sociais
na Internet fez surgir TEDTalks um exemplo de excedente cognitivo mudando
o mundo. TED “ideias disseminadas”. O excedente cognitivo e a Habilidade
da população mundial para se voluntariar e colaborar em projetos grandes, por
vezes globais. A Internet, e as tecnologias móveis nos permitem fazer mais do
qeu consumir,ou seja, nos permite criar e compartilhar.
Nesse
sentido, a tecnologia permite o individuo Interagir com o meio e ter relações
interpessoais bem sucedidas para a aquisição do esperado sucesso na sua
caminhada para uma vida saudável e feliz. (como já mencionei anteriormente).
Curado (2007), no seu trabalho, Os
desafios das ciências da mente, publicado naconferência no Colóquio Natureza e Ética: Desafios Constantes aos
Homens, fala sobre a descrição da velocidade espantosa com que hoje
aparecem novos conhecimentos na área da condição humana rapidamente se torna
obsoleta. O espetáculo da mente humana foi desde sempre objeto de reflexões
literárias, filosóficas e religiosas.
De
acordo com Curado (2007) Toda a cultura intelectual que, desde os Gregos, se
acumulou tem o pressuposto[5]
de que os seres humanos são fundamentalmente opacos ao olhar e à atenção uns
dos outros. As decisões sobre como deve ser o futuro outorgam um relevo
surpreendente à Ética. A regra é esta: quando se sabe tudo o que há a saber
sobre um assunto, aumenta a importância do que fazer com esse assunto. Este é o
campo da Ética. A transparência dos comportamentos[6]
e das intenções que resulta das ciências da mente faz com que a Ética seja cada
vez mais relevante na vida das sociedades.
REFERÊNCIA
Duarte, Glaucius Décio.Reflexões sobre as raízes biológicas do
conhecimento. PGIE / UFRGS - PIE00027 - Trabalho 5 Glaucius Décio Duarte -
28/1/2004. Pdf
Lévy, Pierre.A inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São
Paulo: Loyola, 1998.
Mariluze Ferreira de Andrade e Silva. Filosofia da mente: Causalidade e a
questão da vontade. CADERNOS Centro Universitário S. Camilo, São Paulo, v. 11,
n. 1, p. 48-58, jan./mar. 2005. pdf
Ricardo André Ferreira Martins. A
porética da temporalidade em
Santo Agostinho e Paul Ricoeur. R. Ciências Humanas, Frederico Westphalen, v. 11 n. 17 p. 57-100
Dez. 2010 pdf
Santos, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e
meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1997.
Teixeira, João de Fernandes. Mentes e máquinas: uma introdução à
ciência cognitiva / João de Fernandes Teixeira. Porto Alegre : Artes Médicas,
1998. Pdf
Vigotsky, Lev Semenovic. Pensamento e linguagem. São Paulo:
Martins Fontes, 1998. Pdf
[1] A
Teoria da Cognição de Santiago, elaborada por Humberto Maturana e Francisco
Varela (Maturana,1998), diz que a cognição é resultante da interação de seres
ou sistemas autopoiéticos. Segundo eles, sistema autopoiético é um sistema
constituído como unidade, como uma rede de produção de componentes que em suas
interações geram a mesma rede que os produz, e constituem seus limites como
parte dele em seu espaço de existência.
[2] Discurso marxista onde postulava que tudo é
histórico, fruto de um processo e que são as mudanças históricas na sociedade e
na vida material que modificam a natureza humana em sua consciência e
comportamento.
[3] Ciberespaço,
redes sociais.
[4]Ainda que uma criança tenha biologicamente o poder de se desenvolver, se não
interagir não se desenvolverá como poderia.
[5] Este pressuposto organiza todas as formas de
sociedade.
[6] O paradoxo das relações entre as ciências da
mente e a Ética no início do século XXI. Quando se sabe tudo o que há a saber,
menos se sabe o que fazer com o assunto de que tanto se sabe.
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