quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Escola de Sintra cria primeira biblioteca para daltónicos

Sistema de identificação de cores proporciona autonomia àqueles alunos no acesso aos livros

Feira do Livro do Porto
A primeira biblioteca inclusiva do mundo foi criada na EB1 nº 2 de Mem Martins (Sintra), uma escola pioneira na aplicação de um sistema de identificação de cores que proporciona autonomia aos alunos daltónicos no acesso aos livros.

Intitulada «Terra do Faz-de-Conta», a biblioteca onde os livros estão organizados de forma a cada tema corresponder a uma cor transformou-se, no final deste ano letivo, «numa biblioteca para todos, através de um sistema que permite aos daltónicos encontrarem autonomamente os livros que procuram», afirmou, nesta quinta-feira, à Lusa, o mentor do projeto, Sílvio Maltez.

A biblioteca, que dispõe de centenas de recursos em diferentes tipos de suporte (livros, CD-ROM, CD-Áudio, DVD, vídeos), organizava o espólio de acordo com a CDU (Classificação Decimal Universal), com as obras agrupadas por assuntos e associando uma cor a cada tema.

«Não conseguindo os daltónicos distinguir as cores, esses alunos viam reduzida a sua autonomia, precisando de ajuda para encontrar os livros que procuravam», explicou o professor bibliotecário, natural da Nazaré e responsável pela biblioteca escolar há seis anos.

A dificuldade levou o professor a adotar o sistema ColorADD, criado pelo designer português Miguel Neiva, e que permite identificar a cor através de um código gráfico, replicando o conceito a partir das cores primárias e nos tons branco e preto.

Depois de duas semanas de trabalho intensivo, prateleiras e livros, passaram a contar com «uma etiqueta com um símbolo correspondente a cada cor», através da qual «os alunos daltónicos autonomamente encontram aquilo que procuram como qualquer outro aluno», precisou.

A mudança entrou em vigor a 25 de maio, num dia dedicado «às leituras inclusivas», durante o qual os alunos foram surpreendidos com a visita de dois alunos invisuais, que fizeram a leitura de livros em braille, e a divulgação, em primeira mão, do livro digital «A Biblioteca ColorADD - Uma História Inclusiva».

O conto original, da autoria de Sílvio Maltez e com prefácio de Miguel Neiva, o criador do código de identificação de cores ColorADD, conta já com o apoio institucional do Ministério da Educação e da Rede de Bibliotecas Escolares e deverá em breve ser editado em papel.

O exemplo da EB1 nº2 de Mem Martins já suscitou o interesse de «duas outras escolas do concelho, que solicitaram a disponibilização dos símbolos para aplicarem nas suas próprias bibliotecas», revelou Sílvio Maltez, sublinhando a importância de alargar «este método inclusivo».

A simples colocação dos símbolos gráficos que caracterizam este sistema «permitirá a possíveis alunos daltónicos, uma mais fácil integração social na biblioteca escolar» e «a minimização do sentimento de perda gerada pela deficiência, com o consequente aumento de bem-estar e autoconfiança», reforçou.

O sistema, que já estava a ser usado em instituições como o Metro do Porto ou a Fundação Champalimaud, foi igualmente aplicado pela Viarco em coleções de lápis de cor ostentando os respetivos símbolos e algumas «marcas de vestuário estão igualmente a usar símbolos nas etiquetas, facilitando aos daltónicos escolher sem ajuda as suas combinações de roupa», adiantou o professor.

Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/

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