segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Eu sou o espetáculo (Aldo de A Barreto) Todo homem se desenha pelas escolhas que vai fazendo ao longo de sua vida.


Todo homem se desenha pelas escolhas que vai fazendo ao longo de sua vida. Nenhum objetivo importante é alcançado sem alguma luta, sem algum conflito consigo mesmo e com os outros. A natureza humana é contraditória e tão forte é a contenda do ser que transcende as condições de convivência do homem na terra.

Vivemos em uma articulação de conflitos e somos contraditórios, não conseguimos viver sem disputas comunicacionais quando interagimos. Minoramos esta discórdia fundamental quando no lidar em uma linguagem aberta ou um entendimento corpo a corpo. Aqui o conhecimento do outro e o que dele se diz induz a maior ou menor credibilidade e estabelece um estatuto do emissor, onde a presença do sujeito que enuncia o discurso pode marcar as expectativas que provoca no receptor.

Ao enunciar atos de informação, de forma oral ou escrita, transferimos fatos e idéias esperando convencer nossos espectadores privilegiados que irão julgar e acolher nossos feitos, ditos ou escritos e repassar esta apreciação ao longo do tempo.

O que falamos e escrevemos é para registro junto a nossas testemunhas. Nossa vida ativa acontece em uma condição testemunhal. Todos querem participação e visibilidade quando produzem enunciados, mas muitos não querem a exposição e o julgamento que disso resulta. No mundo da visibilidade nossa atuação se relaciona a esta condição de convencer e não decepcionar as testemunhas que confirmam o nosso atuar com marcos no caminho de nossa aventura existencial.

Cada um de nos tem várias e diferentes testemunhas: a família, os amigos, os alunos, leitores e os seus pares nas diversas comunidades de convivência funcional. Se não lidarmos bem com a publicidade das trocas de informação a cercearemos pelo temor do julgamento destes espectadores privilegiados. Há um recolhimento ao silencio e a quietude.

A informação não existe sem testemunhas e a memória social que se forma depende desta validação. Os estoques de memória existem, enquanto existirem as testemunhas e as testemunhas das testemunhas do que lá se encontra. A nossa escrita cria, assim, um domicílio documental de memória ao qual podemos sempre recorrer regressando para uma acolhida de atestação. As nossas narrativas mantêm nesta memória iluminada no presente. ler o artigo completo

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