segunda-feira, 7 de maio de 2012

Um posicionamento realista sobre a cadeia do livro e o papel da livraria no segmento cultural brasileiro


Fonte:  Revista ANL 47 março de 2012

ANL – Na apresentação de sua coluna semanal “O X da questão”, no portal Publishnews, você chama a atenção sobre as peculiaridades e dificuldades da vida editorial em um  país de dimensões continentais como o nosso, com poucas bibliotecas e com uma rede de livrarias muito precária. A que se deve a precariedade das redes de livrarias?
Felipe Lindoso – Como tudo que se refere ao mundo dos livros, essa precariedade tem a ver com a educação. Até os anos 1960, a aquisição de livros escolares era feita diretamente nas livrarias. Os programas públicos de aquisição de livros escolares eram municipais, ou através das “Caixas Escolares”. Depois que foram instituídos os programas federais, as compras começaram a ser centralizadas, e essa importante fonte de recursos não passa mais pelas livrarias.
Por outro lado, o sistema escolar brasileiro dá muito pouca ênfase à leitura literária, ou de ficção. Em mercados como o francês, por exemplo, o uso de literatura nas salas de aula é muito maior, e isso fortaleceu não apenas as livrarias, como também levou ao desenvolvimento de produtos focados para o público escolar, os “Livres de Poche”.
Aqui no Brasil, finalmente, as editoras, além de vender diretamente para o poder público, passaram a vender diretamente para as escolas particulares, muitas das quais têm um CNPJ só para suas “livrarias” internas.
Assim, o fato de as livrarias estarem completamente ausentes do processo educacional prejudica fortemente e dificulta o estabelecimento de uma rede nacional de livrarias.

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