segunda-feira, 23 de maio de 2011

Já está disponível para leitura e download o novo número da Revista Vivência do CCHLA/UFRN.

Nesta edição os editores convidados são Maria Érica de Oliveira Lima e Sebastião Guilherme Albano Costa e o tema: a Modernidade na América Latina.

Boa leitura.

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Este número da Vivência glosa uma efeméride histórica bastante

propagada em 2010 e 2011. Trata-se de um arco temporal mais ou menos

convencional para recordar os 200 anos de inícios das revoluções de

independência das colônias ibéricas no Novo Mundo, deflagradas,

talvez, pela invasão da Espanha por Napoleão, o que em seguida se

estenderia a Portugal. Nossa intenção neste dossiê é enfeixar textos

que reflitam sobre esse fenômeno direta ou indiretamente, que

tangenciem, por exemplo, o fato de que os eventos históricos ocorridos

na Europa ou em outros países centrais do concerto internacional

sempre reverberaram para além de seus limites territoriais físicos.

Esse dado implica dizer, parafraseando Marx, que a modernidade

sempre foi um projeto expansivo. Admitimos desde logo que a chamada

América Latina é uma espécie de fronteira da Europa, territorialmente

no período das colônias e institucionalmente (dos regimes políticos

aos idiomas dominantes) após as independências. Com efeito, alude-se

em mais de um texto compendiado aqui que a descolonização política

transmutou-se em novas modalidades de dependência, uma vez que o

formato da sociedade moderna foi delineado ao longo dos últimos

cinco séculos e parece haver deslanchado com as grandes navegações

exploradoras e a catequização, empresas consagradas com o encontro

com o mundo ameríndio em 1492, mas que ainda não supôs um

encerramento. No plano das ciências sociais e humanas contemporâneas

adotadas como algumas das epistemes legitimadoras desse arranjo

histórico, as reflexões que se alinham nesta edição da Vivência

afiançam a proliferação do ideário europeu. Como nos concentramos,

sem ensejo restritivo, no denominado campo da comunicação, que é

antes de qualquer coisa um horizonte, termos como espaço público,

cultura popular, mídia etc. mantêm uma regularidade nos estudos

coligidos e conotam a ascensão de um aparato conceitual que dá conta

dos modos de reflexão sobre os fenômenos modernos encubados na

Europa, mas que ascenderam a definidores das relações sociais do

mundo contemporâneo. Dessa maneira, tentamos relativizar tanto a

ideia de uma globalização recente, de cunho econômico apenas, ao

publicar textos que explicitam o caráter transnacional das práticas

sociais advindas com as instituições formadas ao início da era

moderna, como damos conta da amplidão do temário da Comunicação

Social, que abarca discursividades, isto é, sistemas de expressão

com lastro retórico, e ciências aplicadas cujo modo de significação

não obedece a textos, a argumentações etc., e sim a um esquema

anexado às tecnologias. Deve-se salientar que consideramos essas

últimas em uma de suas acepções atuais, técnicas que visam a uma

adaptação aos moldes da indústria da informação, da comunicação, do

conhecimento e do entretenimento. Portanto, este número da Vivência

enseja participar de um esforço de crítica ao logocentrismo remetendo-

se constantemente a ele sob diversos prismas.

Sebastião Guilherme Albano da Costa

Maria Érica de Oliveira Lima



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